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Ativar Piedade

 

Endereço: Bairro Piedade Cidade: Vitória 

Período: 2019 a 2021 Proposta: A partir da construção de um grupo de moradores e lideranças, é estruturado um eixo cultural com uma proposta de intervenções com pinturas e atividades socioeducativas nos espaços esvaziados após processo de evasão em massa. Pessoas envolvidas: Lideranças formais e informais do bairro, seis jovens recrutados para serem pintores-educadores, moradores das casas afetadas, crianças, voluntários vindos de outros bairros, educadores e consultores da Coral, lideranças religiosas e ligadas à Escola de Samba Unidos da Piedade.

Um circuito de pinturas ocupa vazios e um trajeto marcado pela violência.

Chegamos à Piedade em agosto de 2019, quando foi formado um grupo de trabalho para definir ações estratégicas para o bairro, do qual fizeram parte moradores, lideranças locais e gestores públicos, além de organizações da sociedade civil e coletivos que atuam no território. A Piedade, nos últimos anos, vem sofrendo de forma sistemática os efeitos da violência, incluindo um preocupante processo de evasão de moradores.

 

Se por um lado vimos esse cenário marcado pelo medo e pela tristeza, por outro conhecemos uma comunidade unida pela sua herança cultural, pelos laços de amizade e partilha entre os moradores. Nosso desafio ali na Piedade foi ressignificar um trajeto marcado por cicatrizes, valorizando narrativas voltadas para a vida e para a cultura da paz.  É sempre tempo de esperançar.

O projeto durou cerca de dois anos, contribuiu para transformações no bairro e repercutiu para além dali, chegando a ser representado numa instalação da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

Vivências

Ativar Piedade surge de um diagnóstico organizado pelo grupo de trabalho local a partir de reuniões quinzenais e é mobilizado pelo desejo coletivo por mudanças.

 

De que forma a arte pode colaborar com a cultura de paz na Piedade? É possível ressignificar trajetos marcados pela violência? Quais são as vontades das crianças para o futuro do bairro? Foram questões que nos guiaram ao longo desse trabalho.

Para a construção do circuito, foram feitas entrevistas com moradores das casas impactadas e reuniões comunitárias para identificar elementos que representam aspectos importantes da história, memória e identidade que conformam a Piedade.

 

Também foi realizada uma formação de pintores-educadores, com jovens que foram contratados para realizar as pintura, tornando-se também guardiões e educadores em torno desse circuito, suas obras e significados.

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Criação

As pinturas passam por 30 fachadas, além de becos, pisos e escadarias do bairro. Abarcam moradias, uma capela, uma igreja, uma horta comunitária, um ponto de memória e dois espaços de convivência da comunidade.

 

O trecho é dividido em quatro temáticas que se destacaram no processo de escuta: Paz na Piedade; Encontros; Nascente; Histórias para Educar.

PAZ NA PIEDADE

Apesar da vida difícil para construir o bairro da Piedade, havia uma sensação de liberdade para subir e descer as rampas, brincar com os vizinhos nas ruas, fazer festa, subir em árvores, arrancar frutas direto dos pés de árvore. Tinha o ritmo do samba, a mata e as nascentes próximas, a vida e a conversa com os vizinhos. O trecho Paz na Piedade representa esse desejo de liberdade para o futuro, mas com um toque do passado, desse clima Piedade de ser. Para lembrar que todas as vidas devem ser valorizadas e mantidas, há bandeiras que fazem referência às vidas perdidas ali.

ENCONTROS

Neste trecho, lembramos dos encontros, das festas (samba, quadrilha, forró), das conversas em frente às casas. Mesmo em meio aos conflitos, é no encontro que se fortalecem os laços em que criam a resistência. Os murais abordam esse momento de parada, de troca, de descanso na subida, mas também de sociabilidade, de encontro com o outro e com a sua própria história.

NASCENTE

Chamamos de Nascente o trecho da pintura que parte da Capela, desce um beco de casas e vai até um espaço aberto cheio de árvores. Lembrar das histórias interrompidas, inclusive naquele trecho, nos fez pensar na vida. Nessa mesma região, viveram tantas parteiras e benzedeiras: como não lembrar do valor da vida, da cura e do cuidado?

 

“Nascido e criado aqui” ganha outro sentido para muitos adultos da comunidade que nasceram em casa nas mãos dessas mulheres. 

 

Na parede, de frente para a Capela do bairro, carimbamos os pés dos bebês da comunidade, numa sessão de criação conjunta com as mulheres do bairro. Próximos aos pezinhos, os nomes de todas as parteiras que viveram na Piedade, como uma forma de lembrar dessas mulheres e das vidas que elas trouxeram ao mundo.

HISTÓRIAS PARA EDUCAR

Um caminho que transita entre o simbólico da comunidade e as histórias, transmitidas na oralidade, para educar sobre a cidade e o território da Piedade. “Há de brilhar” abre passagem para um trecho imersivo para as crianças brincarem, seguindo até a horta comunitária do bairro.

Ativação

Em setembro de 2021, fomos convidados para a festa do padroeiro da Piedade, São Vicente de Paula. Tradicionalmente a cerimônia ocorre na capela do bairro, mas naquele ano, tanto a festa como a missa ocorreram no Pátio Dona Juracy, que tínhamos acabado de nomear e reformar.

 

Com cerimônia religiosa, palhaços e toda a comunidade ali, foi um dia de Ativar Piedade e se expandir para além das paredes da tradicional Capela, inclusive com a distribuição de saquinhos de bala de São Cosme e Damião. Para os moradores, poder festejar e ocupar os espaços do bairro representa uma forma de resistência e de permanência.

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Fotos da ativação: Iaiá Rocha

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Ficha técnica

Este projeto é uma co-realização entre Cidade Quintal e Árvore Casa das Artes, com apoio do movimento de moradores da Piedade, Instituto Raízes, Expurgação, Intercores, Fundo Estadual de Cultura (Funcultura) e Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult-ES)

Vitória-Espírito Santo

2021

Coordenação Geral

Juliana Lisboa

Renato Pontello

Mobilização

Vanessa Darmani

Wyller Villaças

Coord. administrativa

Wyller Villaças

 

Pesquisa

Giselle Soares

Vanessa Darmani

Produção

Iaiá Rocha

Criação

Juliana Lisboa

Renato Pontello

Assessoria de Criação

Iara Ribeiro

Pintura e mentoria

Ed Brown

Pintores-educadores locais

Elizeu Sant'anna

Eyvid Ricardo Pereira

Gustavo Abreu da Silva

Hiago Almeida

Pedro Lucas dos Santos

Maria Virgínia Abreu

Fotografia e vídeo

Francisco Xavier

Fotografia da Ativação

Iaiá Rocha

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